Seria tão simples e compreensível
se tu me disseste a verdade!
Quando eu soube da sua atitude
fajuta, senti todo o meu afeto se espalhar como um ácido num conta-gotas. Uma
sensação carregada de ira. Não sabia do que poderia ser capaz, caso te visse
novamente: talvez beijar-te. Pior por ter sido a segunda vez que colocava a
minha confiança à prova, renegando minha consideração.
Lembrar-se dos nossos beijos
embaixo de tempestades e eu dizendo baixinho no seu ouvido “quero te amar pra
sempre” agora dói tanto. Minhas lágrimas se confundiam com as gotas que caiam
dos céus, mas você não percebia. Nossa relação era uma ferida exposta, sensível
ao toque – ao meu e ao seu. Abraçar-te era ninar o universo que os cosmos
reviravam. Mas o universo sempre foi grande demais para caber nos meus braços e
me escapuliu.
Carrego aqui comigo, bem
escondido com vergonha de perceberem, o pingente com sua foto, é o que me
resta. Lembra-te quando me deste ele? Era dia dos namorados e nós completávamos
mais um ano juntos. Você ficou com a minha foto e eu com a sua. Recordação e lembrança
que nunca foram tão úteis como neste instante que me desespero.
O que mais me entristece é que
não terei mais ninguém para ler meus poemas de manhã cedo, nem a quem
dedicá-los porque você era a minha inspiração, tudo o que sempre sonhei
encontrar. É difícil e angustiante sentir seu cheiro no travesseiro, com um
vazio na cama. Já revirei cada canto do lençol que te abraçava.
Queria ouvir a porta batendo e
você vindo em minha direção, arrependido, jurando-me amor eterno, chorando nos
meus olhos e me apertar pelos braços, enquanto me beija. Isso me bastaria em
várias noites de insônia.
Então apago as luzes. O nosso
quarto torna-se um nada vazio e traduz exatamente tudo o que tu deixaste para
mim. Paro na janela. Acendo um cigarro, depois dois, três e quantos mais, a sua
espera. Caio em mim, percebo que não voltas mais. Despindo-me de ti, penso
alto: é só um sonho. O fim do sonho que fomos juntos.
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